Um brinde a beleza da vida
E a eterna novidade da morte.
Pois se há algo certo no mundo
É o estarmos entregues à sorte.
Um brinde a juventude, a saúde...
E a velhice doente e encarniçada.
Pois toda existência com esplendor
Deriva de uma existência desgraçada.
Um brinde ao avanço, ao dinheiro,
E a vida de quem não tem esperança.
Pois se há amor nesse mundo
Morre quando cresce a criança!
Um brinde ao céu e sua imensidão
E à dor de tudo que não é virtude.
Pois a grande ferida do homem
É a certeza de sua própria finitude.
Brindemos amigos, meus irmãos,
Brindemos ao santo e ao gentil.
Brindemos de mãos dadas com o nada
Gozando nessa vida curta e febril.
E quando faltar ao que brindar
(se é que isso é possível).
Brindemos a inutilidade metafísica
Do Deus morto e invisível.
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