quinta-feira, 30 de setembro de 2010

BRINDEMOS

Um brinde a beleza da vida

E a eterna novidade da morte.

Pois se há algo certo no mundo

É o estarmos entregues à sorte.

Um brinde a juventude, a saúde...

E a velhice doente e encarniçada.

Pois toda existência com esplendor

Deriva de uma existência desgraçada.

Um brinde ao avanço, ao dinheiro,

E a vida de quem não tem esperança.

Pois se há amor nesse mundo

Morre quando cresce a criança!

Um brinde ao céu e sua imensidão

E à dor de tudo que não é virtude.

Pois a grande ferida do homem

É a certeza de sua própria finitude.

Brindemos amigos, meus irmãos,

Brindemos ao santo e ao gentil.

Brindemos de mãos dadas com o nada

Gozando nessa vida curta e febril.

E quando faltar ao que brindar

(se é que isso é possível).

Brindemos a inutilidade metafísica

Do Deus morto e invisível.

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